[Opinión] 8 de março: parabenizar ou combater?

«Nosotras también tenemos nuestro día», é a chamada publicitária de moda no 8 de março, um slogan estupendo para produtos de joiaria, chocolates e demais obxectos de consumo.

«También el ocho de marzo, díselo con flores». O que nos vai dizer você com flores? Aceito que me agasalhem umha rosa por cada direito que perdim nos último anos, porque o ramo que se formaria seria tam impresionante que me parariam pola rua, e quando me perguntassem quem me ama tanto, poderia responder gerando, quiçá, algumha inquedança.

Muitas pessoas, no 8 de março, parabenizam as suas amigas, familiares, companheiras de trabalho. Mas, por que me parabeniçam? Polo feito de nascer nuns genitais femininos? Polo feito de que, já no útero da minha nai, nesta sociedade en que as pessoas e as identidades som construidas polo sistema em termos binarios masculino-feminino, a mim me asignarom o sexo mulher? Porque me figerom uns buratos nas orelhas e me colocaron um pixama rosa nada máis chegar ao mundo, nom fora ser que alguem me confundira com um neno?

Nom me interessam os parabéns. No oito de março, e no resto do ano nomeadamente, interessam-me as reflexons, melhor quanto máis fondas e críticas. Interessa-me o que me move por dentro, o que me incomoda porque me obriga a (re)pensar, a ler, a me formar, a construir, deconstruir e voltar construir o que achei indiscutível.

Podemos evitar que o Poder se aproprie do nosso oito de março? Nom o creio. Mas sim podemos condicionar o nosso redor para conscienciar, para incitar a análise. O oito de março tem um sentido histórico-político e hoje mais do que nunca é necessário, num momento em que a violença contra as mulheres é tal que amencemos vários dias da semana somando nomens à listagem daquelas assasinadas, ignoradas polo sistema, que som cifras, que já nom nos conmovem. Como quem fala dos accidentes de tráfico depois dumha ponte, falamos da violência de gênero, do terrorismo machista.

«Mas para isso já está o 25 de novembro. O 8 de março é para celebrar», tenho escoitado. E que queremos celebrar, vestindo aínda o luto das últimas assasinadas polo machismo? Mentres escrevo estas linhas, mulheres morrem em hospitais por causa da violência obstétrica; mulheres som violadas em guerras nas que o seu único papel é o de objectos de apropriaçom sexual com que humilhar o inimigo; mulheres (nenas) ficam mutiladas para sempre por meio da ablaçom; mulheres som lapidadas por desobedecerem ordens religiosas; mulheres matam-se de fame para serem aceitadas socialmente dentro dos cânones estéticos impostos; mulheres som despedidas dos seus postos de trabalho por ficarem grávidas; mulheres som brutalmente assasinadas em Ciudad Juárez; mulheres som exploradas com crudeça como trabalhadoras domésticas; mulleres som obrigadas a arriscarem as suas vidas em abortos clandestinos; mulheres som agredidas por goçarem dumha sexualidade dissidente; mulheres som confinadas nos seus fogares, e um etcétera que nunca remata.

O oito de março é para lembrar a realidade em que vivemos. É um dia para alçar a voz, para fazer máis vissíveis as violências diárias que o sistema agocha. E podemos e devemos fazê-lo desde a combatividade, mas tambem desde a alegria de quem sabe que luta para vencer.

As feministas sabemos que o trabalho que nos agarda nom é tarefa doada. Diariamente enfrentamos críticas de companheiros das nossas próprias organizaçons, muitas vezes realizadas desde a falha de formaçom e informaçom, com o simples objeto de desacreditar as nossas apostas táticas e estratégicas. O feminismo age com dinâmicas próprias e dificilmente poderemos entender nada se tentamos fazê-lo encaixar nos duros marcos mentais que criamos desde outras militâncias.

O oito de março é o Dia Internacional das Mulheres, de todas as mulheres, desa metade do planeta que se remexe nas duras (mais nom irrompíveis) redes do patriarcado criminal. Esa metade do planeta que sofre a opressom de género, polo simples feito de serem, de sermos mulheres, umha opressom diversa (mais entrelaçada) com a opressom de classe; a opressom de gênero, polo seu carácter transversal, bate nas vidas, nos corpos e nas consciências de todas e somos nós, todas as mulheres, as oprimidas polo patriarcado criminal, as que no oito de março berramos com a raiva de quem foi relegada ao quarto escuro da história.

«Felicita a tus amigas, ¡es el día de la mujer!». O oito de março nom parabenizo as minhas amigas: o oito de março convido-as a partilharmos a barricada feminista. O oito de março orgulho-me da força das mulheres que enfrontam a vida como umha batalha pola dignidade, erguendo-se cada manhã sem perderem as ganas de viver, sem deixarem de sonhar essa revoluçom que nos permita bailar, sem perderem o ânimo de construir paseninho um mundo em que todas sejamos livres.

Laura Arjonilla
Militante de Isca! e do Movemento Galego ao Socialismo

Publicado orixinalmente en 8M. Textos sobre feminismo e marxismo de Editora Contrapoder 

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