Isca! lamenta ter de comunicar a expulsão dum militante da organização, Xan, a raiz duma denúncia por violação e agressões sexuais no passado ano 2020. Após recebermos a denúncia, constituímos o GTA para investigarmos o caso e apartar de jeito preventivo o dito militante dos espaços orgânicos e de participação política.
Os indícios obtidos no processo de investigação levam-nos a acreditar na veracidade das acusações. Aliás, o facto principal recolhido na denúncia —violação— foi ratificado pelo denunciado ao GTA. Além disso, recolhemos vários testemunhos de que este tem incorrido, ao longo do tempo e de jeito reiterado, noutras atitudes e comportamentos machistas: invasão do espaço privado, tentativas de se envolver com rapazas apesar da sua negativa, monopólio da palavra e do espaço, cousificação de mulheres etc.
Em consequência, resolvemos que Xan deve deixar de participar da vida política e que seja imediatamente expulso da nossa organização. Além do que diz respeito a Isca!, outras organizações e espaços em que Xan participe ou tenha participado serão informados do caso para agirem segundo considerarem.
Isca! comprometeu-se inicialmente a fazer-se responsável durante um período de tempo dum ano de fazer seguimento da evolução do agressor expulso, com o objetivo de ele corrigir as suas condutas machistas e evitar possíveis futuras agressões. Tal seguimento ficava subordinado ao compromisso de Xan de se responsabilizar, de jeito claro, honesto e consistente, do seu próprio processo de autocrítica e revisão. Porém, tendo Xan expressado a sua negativa a colaborar num processo assim, o GTA constata uma falta de responsabilidade pela sua parte que faz impossível qualquer tipo de seguimento.
Queremos desculpar-nos publicamente como organização com as moças agredidas pelo facto de não podermos oferecer mais justiça que esta. Queremos também agradecer à denunciante e valorizar que desse o passo de denunciar de jeito público as agressões sofridas. Compreendemos a dificuldade que supõe denunciar de jeito público as agressões machistas e assumimos como responsabilidade dispor as ferramentas orgânicas precisas para evitar que este tipo de acontecimentos tenham lugar e para erradicar as violências patriarcais dos nossos espaços de atividade.
Consideramos que as agressões machistas não devem ficar impunes, nem as suas consequências restringidas apenas aos círculos organizativos e de militância. Por isso, animamos aquelas pessoas que sofressem agressões machistas a denunciarem-nas perante os organismos que elas próprias decidam, seja o seu espaço de militância, seja o sistema judicial estatal de considerá-lo oportuno, embora este último não garanta reparação nem proteção para as mulheres na maioria dos casos. Animamos também a tecermos espaços de sororidade e redes de apoio mútuo, que resultam fundamentais para dar acompanhamento nos casos de agressão.
Como feministas, condenamos esta agressão, assim como qualquer outro tipo de agressão machista e violência patriarcal. Reafirmamos o nosso compromisso com a causa revolucionária da luita pela libertação das mulheres e assumimos a necessidade de trabalharmos pela abolição do patriarcado e de todo tipo de opressão e dominação por razão de género.