Nem um direito menos; um mundo novo. 8M: greve geral de mulheres!

Cada 8 de março comemoramos a luita pola conquista de direitos para as mulheres.

A origem do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora é amplamente situada num incêncio numha fábrica em Nova Iorque, mas realmente nom temos dados de que isto sucedesse assim. Conhecemos que o estabelecemento desta data no almanaque foi inicialmente a proposta da marxista alemá Clara Zetkin, pois instou aos partidos a defenderem o sufrágio feminino, e formalizada a proposta das socialistas norteamericanas no contexto da II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas de 1910. Esta demanda entende-se nas luitas internacionais de mulheres, e sobretodo na participaçom feminina na preparaçom da que seria mais adiante a Revoluçom de 1917.

Em definitiva, 110 anos de tradiçom feminista e operária.

Seria em 1975 quando, a proposta das Naçons Unidas, o dia seria renomeado como Dia Internacional da Mulher. Da mulher, simplesmente, tirando-lhe a perspectiva de classe e mantendo carácter internacional á jornada. Este esvaziamento ideológico é todo o contrário a umha neutralizaçom da luita para mais mulheres poderem se unir às vindicaçons; é precisamente um movimento para apropiar-se dumha luita e pretender ilhá-la do plano econômico para assim alinhá-la com o capital. Com a apariçom unicamente de “internacional” pretende-se transmitir que a classe é algo quase contrário à universalidade, quando na realidade é a ligaçom mais forte que pode existir entre a maioria da populaçom mundial.

Se acudimos ao maior portal enciclopédico da rede atopamos que este dia “comemora a luita da mulher pola sua participaçom, em pé de igualdade de oportunidades muitas vezes menores diante das do varom, na sociedade e no seu desenvolvimento íntegro como pessoa”. Obviando que a origem da data está em acçons organizadas das mulheres operárias por melhoras materiais e nom pola participaçom no aparato patriarcal e polo desenvolvimento individualista. Estabelecendo com a “igualdade de oportunidades muitas vezes menores diante das do varom” que a desigualdade que existe é producto do azar, e nom sistémico. Nom é umha questom de casuística, é de classe. As oportunidades, neste sistema, vam da mam do poder econômico e social. Quem som as mulheres que sorprendemente tenhem menos oportunidades? As proletárias.

A desigualdade e todo o que conleva é um problema essencial que o feminismo liberal nom vai solucionar porque nom luita por todas. As suas prioridades som o empoderamento para as mulheres com recursos poderem ter o poder que historicamente se reservou aos homens da burguesia. As nossas deveram ser rematar com o sistema que propícia tais desigualdades entre pessoas, porque a questom de género tem umha ligaçom estreita com a de classe. Tal ligaçom fai-se impossível de ocultar para o sistema nos casos extremos de trata de mulheres e crianças e das barrigas de aluguel, umha nova forma de exploraçom dos corpos das mulheres -daquelas com falta de recursos económicos na imensa maioria- da que o capitalismo soubo tirar benefício.

Acabar com as violências que sofremos a todos os níveis também passa pola construçom do novo mundo, livre de opressons.

O fruto que dá o rumo do feminismo maioritário e defendido polos poderes fáticos é, por exemplo, que as multinacionais e demais comércios aproveitem a data para tirar rédito econômico e perpetuar os roles de género que alimentam o estado de cousas actual. O 8 de março sai mais barato depilar-se com amigas, comprar umha aspiradora para limpar a casa os 365 dias do ano ou comprar flores porque merecemos ser parabenizadas e agasalhadas por ter nado branco de maior exploraçom, questionamento, acosso e violência.

Esta é a cara mais extrema da mercantilizaçom das luitas, de como o capitalismo fagocita os movimentos populares para enraizar-se ainda mais, longe de toda ética.

A resposta que temos a esta expropiaçom é robustecer o movimento feminista que defende a inteiridade da própria luita e nom deixa a maioria das mulheres atrás. Concretamente na Galiza, as organizaçons e espaços que estám a organizar a jornada para que seja um êxito de convocatória em todos os âmbitos declaram-se anticapitalistas e analisam o problema das mulheres como sujeito ao sistema socioeconômico.

O 8 de março as trabalhadoras galegas fazemos greve as 24 horas que dura o dia, as estudantes desaparecemos das aulas, deixamos todas de fazer as compras e de atender todo aquilo que nom se remunera, que é todo aquilo que permite o mundo continuar a girar. Um colapso no sistema de produçom e reproduçom. E isto nom é potente somente porque vaia suceder no nosso país, senom porque estas acçons estám inseridas numha acçom global coordenada no Paro Internacional de Mulheres. Mulheres de todo o mundo a demandar, com acçons materiais, o fim da opressom patriarcal.

Estamos num contexto onde até as forzas políticas mais daninas historicamente para com as mulheres sobem ao carro do feminismo, alardeando de procurar a igualdade entre géneros. Mas também um momento onde outros movimentos atentam abertamente contra a liberdade das mulheres e os direitos adquiridos. E é necessário advertir do mal evidente, mas também advertir do perigo do mal nom tam evidente. Nom poderemos estar nunca do lado dum “feminismo” amável para o capital, alheio às demais opressons e que acaba por esvaziar a luita até convertê-la num simples producto estético.

As nossas referentes devem ser todas aquelas personagens históricas que dirigirom o seu trabalho e a sua vida a melhorar a vida de todas, e sobretodo todas aquelas ainda mais anónimas que a dia de hoje contribuem, com cada gesto diário, a destruir roles e construir espaços de segurança; nom actrizes, cantantes ou políticas de classe alta, pois, embora poidamos sofrer todas certas violências, e devemos denunciá-lo, a riqueza separa-nos na tarefa de derrubar a estrutura sobre o que se sustenta tal desigualdade. Porque o maior aliado do patriarcado é o capitalismo, e nom lograremos conhecer vida justa se nom é construindo o mundo novo.

Este 8 de março estamos de greve, e saímos às ruas com o sindicato, a organizaçom estudantil e a organizaçom feminista.

365 dias ao ano de luita polos nossos direitos.

Partíllao!

En Facebook
En Twitter
En Pinterest
Polo WhatsApp
Ou polo Telegram
Email

Deixa un comentario