[Opiniom] O desporto é política, a “Vuelta a España”

Nestes dias estamos assistindo a LXXI ediçom da Vuelta a España de ciclismo. Mais umha vez, a competiçom atravessa terras galegas, acadando um recorde de etapas (7) sobre o nosso território: 1 de cada 3 etapas percorrerá a Galiza.

Além do aproveitamento político da Vuelta, há aspetos mui criticáveis na carreira, como podem ser o uso de topónimos deturpados, tanto pola organizaçom da ronda espanhola como polos meios de comunicaçom (Orense, Ginzo de Limia, Bayona…) e a cousificaçom das açafatas ao final de cada etapa, quando agasalham com bicos o líder da general, num costume claramente machista.

taboaPERSPETIVA RECENTE

A seguinte tábua recolhe a listagem, naqueles desportos mais seguidos, dos eventos desportivos com o selo da marca España nos últimos anos. Como se pode ver, nos tempos recentes, estas competiçons decorrérom na Galiza de umha forma especialmente pertinaz.

DESPORTO E POLÍTICA

Aquelas instâncias que clamam contra a utilizaçom do desporto com fins políticos (nomeadamente, por parte de siareiras antifascistas) som as mesmas que nom duvidam em o aproveitarem, mas com intençons contrárias.
Os triunfos de La Roja propiciárom que a rojigualda passasse a estar presente em espaços em que quase não existia: a alegria por que aqueles jogadores ganhassem 3 títulos favoreceu umha espanholizaçom da sociedade, sobretudo nas camadas populares. Todo isto, por suposto, enquanto o governo espanhol do PSOE impulsava umha reforma constitucional que antepunha o pago da dívida aos interesses da populaçom, umha regressiva reforma laboral ou a jubilaçom aos 67 anos. No nosso país, esta espanholizaçom traduziu-se em que, nos últimos anos, alguns sectores do nacionalismo galego aceitassem que as regras vinhessem ditadas desde Madrid, adotando estratégias incompatíveis com o princípio de autoorganizaçom, que outrora sempre fora respeitado no movimento nacional-popular galego.

Mas o passo da Vuelta por municípios galegos tampouco é inócuo, senom que tem a sua utilidade para o Estado, permitindo reforçar a ideia de que as terras polas quais passam as etapas som espanholas, numha espécie de passeio polas colónias. Se a competiçom existisse em 1800, a Vuelta a España 1800 podia ter atravessado lugares como Carabobo, Valparaíso ou Zacatecas. Neste sentido, é especialmente salientável que, das últimas 6 ediçons, 5 passam por Galiza; tal vez, a dinâmica recentralizadora atualmente vigente no Estado Espanhol explique tanta insistência.

Devemos analisar a proliferaçom na nossa terra destes eventos desportivos sob o prisma da atual cruzada do Estado Espanhol contra os movimentos soberanistas das naçons sem estado. É o mesmo estado de José Ignacio Wert, que reconhecia abertamente a sua intençom de españolizar a los niños catalanes, e de Catalunya si que es pot, que por muito que ela falar de respeitar o direito de autodeterminaçom no Principat de Catalunya, a crua realidade é que vota em contra do processo de desconexom, exatamente igual que as forças mais eminentes do bloco unionista. Assim, vemos que o funcionamento dos partidos espanhóis com respeito à questom nacional é similar a umha autoestrada: excetuando os carris de saída, todos os carris levam ao mesmo destino, independentemente de se situarem mais à esquerda ou mais à direita do pavimento.

Mantendo o símil automobilístico, a única forma de conseguir umha mudança fundo nas nossas condiçons de vida passa por abandonar a autoestrada do estado, algo que só é possível mediante a via do soberanismo, na procura da independência. Dizia Indira Gandhi -que nom é exatamente um referente revolucionário- que a fortaleça de umha naçom, em última instância, reside no que pode fazer por si própria, e nom no que pode pedir prestado a outras. Como militantes independentistas e socialistas galegas, corresponde-nos pular por auto-organizar o nosso povo sabendo que, para que todas as opressons sejam abolidas, há que acadar umha República Galega livre. Devemos participar nas diferentes luitas existentes (sindicais, culturais, estudantis, sexodiversas, feministas, meio-ambientais, etc.), sem perdermos de vista que a libertaçom nacional é chave para o êxito de todas elas.

.

Raúl Sandomingo é militante de Isca! e do Movemento Galego ao Socialismo

Partíllao!

Share on facebook
En Facebook
Share on twitter
En Twitter
Share on pinterest
En Pinterest
Share on whatsapp
Polo WhatsApp
Share on telegram
Ou polo Telegram
Share on email
Email

Deixa un comentario